Num mundo imerso em uma profunda crise de valores,
de relativismo, de afastamento de Deus, o Credo cristão – que pressupõe,
obviamente, a experiência fundante do encontro pessoal e comunitário com Jesus
Cristo como revelador de Deus e do homem – apresenta-se com toda a sua capacidade
para iluminar este tempo de desorientação.
Toda
manifestação de fé que se segue está relacionada a esta verdade que
professamos: Cremos no Deus único, Pai, que tudo criou por seu poder e por
ninguém foi criado. É Ele o Criador de todo o Universo. A fórmula
Niceno-constantinopolitana diz: “Creio em um único Deus criador de todas as
coisas visíveis e invisíveis. Tudo é obra da criação divina.
Deus
não ficou no mistério da sua existência e falou à humanidade. Toda a história
da salvação, portanto, está assentada sobre este mistério. Um mistério que nos
revela três afirmações acerca de Deus e que professamos no primeiro artigo do
Credo: ele é Pai, Onipotente e Criador.
Que
ele é Pai, nós o sabemos, na sua plenitude última, por Jesus Cristo que se
refere sempre a ele, com um amor, uma gratidão e uma adoração constantes. Deus
é Pai porque ele é o gerador da vida, que se derrama, uma fonte que jorra sem
ter atrás de si uma nascente, se auto-doa.
É
Todo-Poderoso – onipotente – porque é o Senhor da história, é O Dom de si por
excelência, nada o limita. Contudo, permanece um mistério o modo como Deus
recorre à sua onipotência. Fazemos constantemente a pergunta: “Onde estava Deus
quando...” e logo nos vêm à mente tantas desgraças que, ao longo da história,
aconteceram e ainda acontecem no mundo. Percebamos então que a onipotência de
Deus deve ser compreendida à luz da Páscoa de Jesus. A aparente “impotência” da
Sexta-Feira da Paixão é o fato inicial para a manifestação da onipotência de
Deus na Ressurreição.
Por fim, cremos num Deus
criador, porque seu amor é tão perfeito que Ele cria um mundo livremente e sem
constrangimento, cujo coração e sentido é seu Filho. Assim, a Criação é um
chamamento à liberdade e a exercer nossa vocação de cooperadores da criação.
Assim, o mundo e toda a Criação refletem a beleza de Deus, mas não são Deus,
são, ao contrário, manifestação da glória de Deus.
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